Sentada em frente ao computador nesse momento me surgem várias questões sobre a última aula de direção na terça-feira passada, na qual foram debatidos diferentes tópicos sobre o chamado Processo Colaborativo, mas afinal que bicho é esse? Por que tantas dúvidas sobre as funções de cada artista envolvido no trabalho? Me questiono talvez, pois por não fazer parte desses processos não compreenda a dificuldade que está nas relações de trabalho entre as pessoas. Porém comparo com minhas experiências em teatro e vejo que todo o processo artístico é confuso, pois no nosso caso o do teatro, está trabalhando-se com materiais muito sensíveis: nós mesmos e os outros. E como não ser difícil e trabalhoso? Acho impossível, pois no processo das relações e da criação o terreno é sempre desconhecido e escuro, na qual tentamos caminhar em busca de alguma luz, e onde está essa luz? Está em mim, está nos meus colegas? Não sei, mas acho que em ninguém, pois acredito que a descoberta do fio de luz que surge na escuridão seja fruto de um trabalho conjunto sobre a realidade em que se encontram essas pessoas. Realidade essa que compreende um processo de criação, no qual cada indivíduo tem seu espaço e no qual a criação pode surgir sim do não saber, mas nunca da não escuta. A realidade, por mais desconhecida e escura que seja, nos apresenta pontos de apoio e precisamos estar atentos para percebê-los. Mesmo no escuro, quando tateamos o espaço conseguimos nos guiar para uma direção, assim é preciso tatear em conjunto esse espaço de escuridão chamado, processo. Acredito que na medida em que todos forem tateando essa realidade, buscando não imaginá-la e sim percebê-la, as funções ficaram mais claras, pois o trabalho de equipe em busca de um objetivo em comum (que pode ser a luz ou qualquer outra coisa), vai ter iniciado. O processo assim, pode ser encarado como o início de um tempo de experiência, que é um tempo diferente do convencional, porém tanto como o outro, é finito. A experiência em conjunto é menos assustadora que a experiência solitária, penso eu, assim é necessário que nesse processo existam rastros de experiências, que são ao meu ver, pistas que cada artista deixa para que o olhar do outro as siga. E na escuridão do processo seguir os rastros exige muita atenção de cada artista.Para finalizar cito Jorge Larrosa Bondía[1], que nos fala sobre a experiência e o saber experiência:
(...) não se pode antecipar o resultado, a experiência não é o caminho até um objetivo previsto, até uma meta que se conhece de antemão, mas é uma abertura para o desconhecido, para o que não se pode antecipar nem “pré-ver” nem “pré-dizer”.
[1] BONDÍA, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber da experiência. Leituras SME. Campinas/SP. 2001.
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