sábado, 29 de agosto de 2009

Data das Apresentações

31/08 - Todos
07/09* - Tchelo e Pedro
14/09 - Júlio, Dani e Anna
21/09 - Tchelo e Dani
28/09 - Pedro, Júlio e Anna
05/10 - Júlio e Dani
12/10* - Tchelo e Anna
19/10 - Pedro e Dani
26/10 - Pedro e Júlio
02/11* - Tchelo e Anna
09/11 - Pedro, Júlio e Dani
16/11 - Tchelo e Anna
23/11 - Todos
28 e 29/11 - Apresentação final com todos.

*feriados

Calendário sujeito a alterações...

beijons

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

PROTOCOLO 1

Eis aqui o primeiro informativo das aulas da disciplina de Direção Teatral III das Artes Cênicas da USP. Uma reflexão. Um questionamento. Uma documentação. Como um grupo, aspiramos à possibilidade de compartilhar nossas dúvidas, ânsias, questionamentos e dificuldades.

Registrando-os temos a expectativa de poder mobilizar um pensamento ampliado e, usufruindo da tecnologia como outras formas de mídia, alargar as fronteiras, para outros estudantes de encenação e direção teatral de outras faculdades de diversos Estados.

Em aula, debatemos a importância da execução de um “protocolo de aula”, um procedimento que dinamiza as discussões e nos faz refletir sobre as atividades e temas efetuados em cada aula. Tais protocolos serão um registro das problemáticas dos processos com uma reflexão própria do autor. O foco será as questões e soluções. Tais registros serão contaminados por pensamentos filosóficos, teóricos teatrais, poético, imagéticos e musicais.

Registrar, documentar e “escrever é um ato de generosidade”, já dizia o Prof. Dr. Júlio Groppa. A generosidade de poder compartilhar um conhecimento e uma experiência, de contribuir para outros que venham a tê-la com o intuito de expandir e acrescentar no pensamento.

Com a evolução desenfreada das tecnologias e meios de comunicação decidimos optar por outra forma de mídia que não o papal escrito. Sugerimos aqui o Blog como meio de discernir nossos relatórios, protocolos e infinitas ideias, sendo o Blog um espaço aberto para opiniões e debates onde a escrita propriamente dita ultrapassa seus limites em músicas, imagens e vídeos.
Para tal, estabelecemos algumas regras para esse ainda novo “jogo bloguístico”.

REGRAS:

1- Este Blog, a princípio, será fechado para os alunos e professores de Direção Teatral III 2009. Sendo 3 professores, 5 diretores e 2 co-diretores.

2 - Não é permitido nomear pessoas que são focos de uma problemática ou desconforto gerado em algum dos grupos de trabalhos práticos.

3 – O foco deste blog é a reflexão e registro. Os textos não serão autorais.

4 – Antes de ser aqui postado, há uma revisão dos alunos integrantes do grupo como forma de criar um consenso a respeito do texto.

5- Pretendemos abrir o blog para o público no final do processo. Seria a decisão mais generosa. Contudo temos algumas questões a respeito:

- Qual o público alvo? Apenas os atores que participaram do projeto? Apenas os dramaturgos? Apenas outras instituições de ensino de direção e encenação teatral?

- Quando abrirmos haverá uma censura? Retiraremos textos, críticas e pensamentos a fim de excluirmos a probabilidade de desentendimento entre diretor e sua equipe?

Tais questões serão respondidas no decorrer do processo. Há questões que sempre foram questionadas e nunca respondidas...




Uma observação: Regras são estabelecidas para o funcionamento didático. Uma partida de futebol não acontece sem estabelecermos as regras. Contudo a regra é dinâmica e está propícia a mudanças. Obter regras é o princípio da organicidade. Ultrapassar as regras é o princípio da desobediência. Saber o porquê da desobediência é o início da evolução de um novo pensamento. Quebrar com a regra com convicção e sabedoria é mudar algo.

Críticas surgirão. Crises homéricas acontecerão. Se não passarmos pelos conflitos, não temos como avançar nas relações e criações.

“ECKERMANN: O pior disso é que existem tantas doutrinas falsas que um jovem de talento não sabe a que santo deveria se dedicar.
GOETHE: Temos provas disso. Vimos gerações inteiras ser arruinadas ou prejudicadas por falsas máximas, assim como nós também sofremos. Hoje em dia, ainda por cima, existe essa facilidade de difundir todo o tipo de erro por meio da palavra impressa. Embora um crítico possa pensar melhor após alguns anos, e transmitir ao público conceitos mais aprimorados, suas falsas doutrinas permanecem vigentes entrementes, e, como ervas daninhas, continuarão se espalhando no futuro, ao lado do que é bom. Meu único consolo é que um talento realmente grande não se deixará desencaminhar ou estragar. “
(GOTHE, Johann Wolfgang Von – 1831)

Escutar ao outro é um dom. Mas também precisamos confiar em nossos pensamentos a fim de não nos embriagar com as ditas ervas daninhas, mas sim deixarmo-nos seguir em nosso percurso. Quem sabe conseguimos continuar no nosso caminho sem nos estragar.




PRIMEIRA AULA: PRIMEIRAS QUESTÕES: PRIMEIRO ENSAIO

Como iniciar?

Quais exercícios propor?

Como conduzir?

Como conciliar a prática com a discussão teórica?

Como? Como? Como?

As questões surgem como um emaranhado de pensamentos. Elas contaminam e levam para a não solução. A dúvida! E, se o diretor tem dúvidas, porque a equipe como um todo confiará no seu trabalho?

O primeiro passo é diagnosticar as dificuldades.


EQUIPE:
Sua equipe está totalmente formada? Temos como hábito pensar no dramaturgo e atores e no máximo um iluminador. Mas será que as funções não podem ser divididas? Pensamos como imagem de um processo colaborativo:

Diretor


Atores Dramaturgo Assistente de direção Cenógrafo


Dramaturgista Iluminador, Figurinista, Sonoplasta


Formada a equipe, é preciso deixar claro as regras do jogo. TODOS da equipe participam, todos falam, todos contribuem, todos propõem, todos recebem. É um trabalho de pesquisa, sendo assim o material tem de ser compartilhado e disponível para todos lerem.
Estabelecer com clareza as funções, a qual o diretor fará a edição final da encenação (essa é a grande diferença entre colaborativo e coletivo); o dramaturgo do texto; e os atores por improvisarem a partir de estímulos, ideias e temas, criam os papeis, contudo estes não são fixos, podendo haver mudança de personagens a qualquer momento.


TEMA:
Próxima questão é definir um tema. O diretor tem de defini-lo sozinho? Quando tomar a decisão de encerrar as discussões e estabelecer um recorte específico?
O bom diretor é aquele que sabe instituir um equilíbrio, sendo óbvio, encontrar o centro entre Apolo e Dionísio, entre o Yin e Yang. É fazer do processo como um todo um jogo de ideias e criação. E, como um bom jogo há algumas regras:
-Não se passa o ensaio inteiro conversando.
-Todo ensaio tem que se produzir algo.
-Todo ensaio tem que ser prazeroso.

E, se a discussão permeia todos os campos, sem rumo, sem direção, perguntar para você mesmo qual a centelha que te estimula nessa pesquisa? O que você investiga sobre o ser - humano? O que te causa questões e inquietações? Deixar claro para você mesmo as suas decisões e não aceitar que as suas vontades sejam substituídas e sim contaminadas pelas infinitas proposições que surgirão.
“Jamais reter ou calar para si mesmo algo que pode ser pensado contra os seus pensamentos! Prometa-o para si mesmo! Isso é parte da principal retidão do pensamento. A cada dia você também deve conduzir sua campanha contra si mesmo. Uma vitória e uma trincheira conquistada não são mais assunto seu, só a verdade é – mas também sua derrota não é mais assunto seu!”
(NIETZSCHE, 1881)
Contudo, existe um limite tênue entre acreditar nos seus pensamentos e ser cego diante novas propostas. É um processo de aprendizado confiar em seu caminho, saber criticá-lo e saber o momento de mudar o rumo. E, se uma nova direção for encontrada, saber que o que ficou para trás é um aprendizado e não um erro obscuro.
Assim, um tema é posto em questão, há um levantamento de material, há um recorte específico, há um roteiro. O processo se dá de forma quantitativa. O desapego é um dom a ser conquistado.


PRÁTICA:
A definição do tema também pode ser auxiliada pela prática. Somente através dos exercícios esse tema ganhará maior clareza. A improvisação sobre o tema é uma forma.
“Improvisar por quê? Em primeiro lugar para criar uma atmosfera, uma relação, para pôr toda a gente à vontade, permitir que se levantem, que se sentem sem com isso fazer um drama. Procuramos antes de mais nada a confiança, para lutar contra o medo [de que falamos antes]. O que hoje bloqueia mais as pessoas é falar. Por isso não devemos começar com a palavra, com as ideias, mas com o corpo. O corpo liberto é um primeiro passo.”
(BROOK, Peter. O diabo é o aborrecimento: conversas sobre teatro.Portugal: Edições ASA, 1991)
A improvisação auxilia a pensar numa forma prática de surgirem materiais novos. A fala
ção pode levar a um lugar obscuro e confuso ao invés de esclarecer as ideias. Falar para alguns pode ser mais fácil, para outros o oposto, mas o discurso de palavras ainda não estabelece um fazer teatral.
Segue algumas sugestões de exercício:
-Criar imagens cênicas:
  • Os atores modelam imagens no corpo do outro.
  • Pedir para os atores algumas imagens em conjunto num determinado tempo, que será comandado pelo diretor. As imagens compostas virão de uma forma espontânea. Após o exercício, pedir para cada um sintetizar num papel as imagens feitas e escrever palavras soltas, ideias e sensações. Pedir uma frase que resuma tudo. Esse material pode ser entregue diretamente para o dramaturgo como um estímulo criativo.
  • Pedir para os atores uma cena escrita ou/e montada.

Lembrar sempre que o ambiente e o estado instaurado pelo aquecimento são importantes para uma melhor execução dos exercícios. A música é um recurso, trazê-la sempre para o ensaio. E o aquecimento do ator ser sempre criativo, prepará-lo pensando sempre no que virá depois. Esta é à hora de usar a criatividade e ser espontâneo para modificá-lo se necessário.

Outras questões surgem como próximos passos. Qual o papel do diretor colaborativo? Qual o papel do ator criador? Contudo tais questões serão respondidas, ou não, com outros ensaios e perguntas que surgirão nas próximas semanas.

E, lembrar sempre, que este processo se trata de um aprendizado. A questão central é aprender a dirigir colaborativamente.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O que nos move?

Esse blog pretende ser um dos instrumentos didáticos da disciplina "Direção teatral 3", do curso de bacharelado em Direção da USP, nesse segundo semestre de 2009.

A partir da inciativa do Prof. Dr. Antonio Araújo, a referida disciplina acadêmica vem se tornando, ao longo dos ultimos anos, um espaço para a experimentação de processos colaborativos de encenação e dramaturgia. Nos ultimos, os alunos do curso de Direção trabalham em parceria com alunos da disciplina "Dramaturgia 2", coordenada pelo Prof. Dr. Sérgio de Carvalho , além dos atores e demais participantes, que são alunos da USP ou convidados. Nesse semestre, a disciplina conta ainda com a participação do Prof. Dr. Marcos Bulhões, que propôs esse blog, como complemento aos encontros semanais realizados com os alunos diretores. Os objetivos e as regras gerais do blog foram pensados em conjunto com os alunos.

Entendemos que o registro das reflexões, dificuldades e soluções encontradas no decorrer das cinco encenações podem, por um lado, dinamizar a troca de informações entre os alunos de Direção, assim como entre a turma e os três professores. Por outro lado esse registro, quando for divulgado em dezembro de 2009, após a estréia dos experimentos, poderá servir também a alunos de disciplinas similares, seja na formação de diretores ou nas licenciaturas em Teatro.

Aqui serão publicados os 15 protocolos digitais produzidos pelos alunos de Direção , além de outras postagens espontâneas a serem realizadas pelos diretores, assitentes de direção e, quando for possível e necessário, pelos professores da disciplina.

O que nos move é a necesidade de compartilhar princípios, procedimentos e problemas da encenação teatral . Não sabemos se esse instrumento vai funcionar, pois esta é uma experiencia inédita para todos nós. Mas podemos tentar.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

PRIMEIRO ENSAIO

Tudo o que eu tinha eram livros e mais livros e mais livros e atrizes e um músico e um dramartugo. Ai meu deus, o que eu faço com essa gente? Premissa básica: eles não querem nem saber de teoria, nem de ler, querem cena, e cena, e cena. Ai meu deus, o que eu faço com essa gente?

Quatro horas de conversa.

Vazia? Não, mas talvez... como começo? do começo? Qual é o começo de uma coisa que eu tenho que inventar por conta própria? Um ator está doente. Gripe suína? Tomara que não, ou estaremos todos fodidos. Porque, diabos, você não pode vir nos dois ensaios?

"Eu fico incomodada em vir em dois ensaios e ela só vir em um."

Eu também. Mas eu digo? O que eu falo? O que eu escondo? Abro o jogo até que ponto? Porque, diabos, a gente tem que fazer um recorte já? Os atores não querem saber de recorte. Os atores não querem saber de escolher. Os atores não querem saber de nada disso, de nada que, por ventura, pareça consciente. Eles querem se jogar do abismo. Eles vão me jogar no abismo.

Dói? Vai doer ainda mais? Quanta dor os atores vão suportar até dizerem "chega"? Qual é o limite de cada um deles? Qual é o meu limite?

Inspira, expira, relaxa.

Tudo vai dar certo. "Já vi que a gente vai brigar." "Não, tudo bem, brigar é bom." "É, desde que a gente não se mate..." "Toda unanimidade é burra." "A gente vota, é consenso ou o diretor escolhe?" "Acho que votar é opressor, prefiro que, se a gente não chegar a um consenso, o diretor escolha."

Temos, mesmo, que prever tudo agora? Nós somos capazes de prever o futuro? Ai, como eu queria prever todas as brigas...

Tudo bem, então pra resumir ficamos assim: a gente vai pra casa, cada um lê algumas coisas e a gente traz pro próximo ensaio um recorte do que gostaria que fosse, uma idéia e a gente vai escolher uma pra ser um exemplo. - Momento Atores Fazem Cara Feira, silêncio, pausa dramática - Ah, tudo bem.

Ai, como eu gosto desse momento de estar todo mundo no carro, indo juntos pra casa... parece até que a gente é um grupo.

"Tempestades virão."