segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Máquinas Honestas

“Relembrar os acordos.
Antes de pensar nos egos é necessário pensar na obra!
O que o público vai receber?
A pedagogia tem o limite do artístico.
O teatro e o público como final, a política da recepção!
O que importa é você ser honesto!
Célula dramatúrgica em potencial as possibilidades de signos, da metáfora.
Para quem você está servindo?”

Essas são frases, ou melhor, são questões e apontamentos que foram debatidos na última aula de terça-feira e que ficaram rodando na minha cabeça essa semana. Penso talvez que um dos apontamentos que perpasse todos os outros é: “O que importa é você ser honesto!” Acho que nesse ponto reside uma fundamentação para a criação artística, pois ao sermos honestos com os outros e com nós mesmos estamos sendo honestos com a obra se preocupando com a obra, com o resultado final, estamos sendo honestos com o público o que é o mais importante! É necessário saber jogar limpo, estabelecer um jogo limpo, consigo mesmo, com os colegas de trabalho, com a obra e assim com o público. A obra como resultado final, interessa para quem for recebê-la como produto artístico que seja significativo que apresente metáforas, com a célula dramatúrgica, com os signos visuais, com os atores, com o som, com a luz, enfim que possibilite ao espectador uma experiência única e esse tem sido o objetivo dentro da disciplina de direção III. Contudo como é possível construir uma obra, em um tempo reduzido, com pessoas que na maioria das vezes tem objetivos distintos com o trabalho? É complicado, mas ninguém disse que seria fácil, por isso acredito que ser honesto se torna a base para um trabalho eficiente que apresente um resultado razoável. Esta se chegando ao fim dos processos e as obras estão se encaminhando para um fechamento, por isso ainda há tempo de ser mais honesto, de reinventar o jogo com regras claras, pois o objetivo está se tornando cada vez mais o mesmo para as pessoas, na medida que se torna mais visível para todos os integrantes do trabalho. Vejo a obra teatral como uma grande maquinaria na qual todos os elementos necessitam estar funcionando em uma ordem precisa e nesse sentido a função do diretor é fundamental, pois é ele quem orquestra essa maquinaria de signos, de metáforas, de sonhos, de realidades, de pesadelos, de memórias, para assim apresentar uma máquina que funcione aos olhos do espectador. Máquina essa que não seja como as máquinas comuns que jogam sujo, que facilitam a vida das pessoas, mas que sejam máquinas honestas, que estabeleçam um jogo limpo provocando assim o espectador a ser um jogador. Como disse logo acima, ninguém disse que seria fácil, assim é necessário coragem e força para seguir, assim termino com uma citação de Rollo May :

“Os artistas são portadores da capacidade humana, antiga como o mundo, de se insurgir. Adoram mergulhar no caos para nele criar a forma, do mesmo modo que Deus criou o mundo.”

MAY, Rollo. A coragem de criar. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.

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